terça-feira, 19 de março de 2024

12 Years a Slave / 12 Anos Escravo (2013)


Por alguma razão, este filme não teve em mim o impacto que devia ter tido. A história é baseada em factos verídicos. Um homem negro de Nova Iorque, Solomon Northup, nascido livre, é raptado e forçado a viver em escravidão na Luisiana durante doze anos até conseguir ser libertado e voltar a casa. As suas memórias foram registadas em livro.
O filme claramente quer mostrar-nos o que foi a escravatura no sul dos Estados Unidos. Acontece que nada disto é novidade para mim, como o deve ter sido para outros espectadores. Cresci com a telenovela brasileira “A Escrava Isaura” e assisti ao soberbo “Raízes” (“Roots”). Em vários filmes e séries do género já assisti a tudo o que vi aqui e pior. (Até em “Outlander”, imagine-se.) Logo, não houve factor novidade. Conheço estas atrocidades todas.
O que faltou? O filme quer mostrar-nos o que era a escravatura, mas nunca nos mostra quem é de facto Solomon Northup. Sim, é um homem decente, sabemos que quer sobreviver e escapar e regressar para a sua família (quem não quereria?), mas tudo isto é demasiado genérico e bidimensional. Solomon Northup não é um personagem em si próprio; é um símbolo. Muitas vezes dei por mim a pensar antes em “The Handmaid’s Tale”, que estava a ver na altura, e em como em narrativas semelhantes (as Servas são forçadas à escravidão pela violência) as personagens são tão bem desenvolvidas.
E depois temos a aparição deus ex machina de Bratt Pitt, qual anjo salvador, que só ali está para ajudar Solomon, finalmente.
Ou seja, o filme adquire uma tonalidade quase panfletária em vez de contar a história do homem de carne e osso que foi Solomon Northup. Exemplo disto é que só lhe vemos a família no princípio e no fim. Se calhar o objectivo do filme era mesmo que não olhássemos para o homem mas antes para os horrores da escravatura. Se era isso, objectivo conseguido, mas podia-se conseguir melhor.

13 em 20

domingo, 17 de março de 2024

The Prodigy / O Prodígio (2019)

Uma mãe descobre que o seu filho, uma criança-prodígio, está possuído pela entidade falecida de um serial killer.
Este é mais um filme do tipo “creepy kid” com todos os clichés que vêm com isso desde “O Exorcista”. É curioso que o filme insiste que não é possessão mas reencarnação (a alma do falecido “entrou” no recém-nascido para terminar assuntos pendentes) mas, lamento, a reencarnação não é nada disto. Isto é possessão e não lhe chamarei outra coisa.
À medida que o miúdo cresce mais se manifesta a personalidade manipuladora e perigosa do serial killer. A grande questão do filme é saber o que uma mãe é capaz de fazer para salvar o filho, e esta mãe está disposta a quase tudo. Mas conseguirá cumprir o último desejo do serial killer?
“O Prodígio” é um filme mediano que faz tudo o que tem de fazer dentro do género. Pese embora a falta de originalidade, agradará aos espectadores que já sabem com o que podem contar.

12 em 20


terça-feira, 12 de março de 2024

Insidious / Insidioso (2010)


Alguns filmes podem ser resumidos por fórmulas. “Insidious” seria [família em crise muda-se para casa nova] + [criança possuída] e os amantes de terror já sabem tudo o que esperar daqui. Mas vamos lá ao resumo propriamente dito.
Uma família em crise, com três filhos pequenos, muda-se para uma casa nova para recomeçar. Logo numa das primeiras noites, o filho mais velho sobe ao sótão e cai de uma escada. No outro dia não acorda: está num coma que os médicos não conseguem explicar. O filho do meio tem medo de estar sozinho no quarto, e muito depressa também a mãe começa a ter visões de espectros à volta do quarto do filho em coma.
Pensando que a casa está assombrada, convence o marido a mudar de casa, e assim fazem. (O que não acontece muitas vezes neste tipo de filmes, note-se.) Só que na casa nova as manifestações sobrenaturais continuam, o que demonstra que não era a casa que estava assombrada, é a família! (Reviravolta original, admito.)
Entra mais um elemento na fórmula: [caça-fantasmas]! Não estavam à espera desta, pois não? Eu confesso que não estava. Pensei mesmo que os caça-fantasmas e os seus aparelhómetros (que parecem mais uma coisa de “Sobrenatural” mas ainda menos profissional) eram apenas um comic relief temporário. Mas depois chamam mesmo uma vidente-exorcista.
A partir daqui o filme torna-se histérico, exactamente o contrário de insidioso, subtil. Aparecem fantasmas e demónios de todo o lado. As luzes piscam e rebentam. O costume. Eu desatei a rir quando mostraram os cascos do demónio. (Mais um à imagem do deus Pan, coitado, que não tem culpa nenhuma.) Foi assim, desatei-me mesmo a rir! E não há nada pior num filme de terror do que pôr os espectadores a rir.
E assim continuou. Os caça-fantasmas ficaram até ao fim a fazer-me rir, e nunca mais parou. Pena, porque a coisa ia bem. Onde é que o filme falhou? Fórmula demasiado comprida: [família em crise muda-se para casa nova] + [criança possuída] + [caça-fantasmas]. Quiseram meter tudo e mais alguma coisa num filme que se anunciava “insidioso” e que se tornou “excessivo”.
Fica a parte boa e a parte em que me ri.
Ah! E vejam os créditos finais até ao fim para mais uma gargalhada!

12 em 20


domingo, 10 de março de 2024

Cybele's Secret, de Juliet Marillier


Segundo livro da série iniciada em “Wildwood Dancing”, esta é a história de Paula, uma das cinco irmãs do original. Paula acompanha o pai, o mercador Teodor, a Istambul, na tentativa de adquirirem a estatueta de Cybele, um artefacto pagão de uma deusa da antiguidade, que se diz trazer prosperidade ao seu possuidor.
Em Istambul, chegada da Transilvânia, Paula encontra uma cultura islâmica muito diferente da sua que obriga o mercador a arranjar-lhe um guarda, o búlgaro Stoyan, que a acompanha para todo o lado. Numa sociedade de intrigas e traições, Paula, a erudita da família, conhece outra erudita, a grega Irene de Volos, e o capitão do navio Esperança, o português com fama de pirata Duarte da Costa Aguiar, ambos interessados no mesmo artefacto. (Fiquei muito surpreendida e entusiasmada por haver um português na história, com palavras e canções em português e tudo!) As autoridades de Istambul suspeitam que o culto pagão de Cybele está a ser praticado às escondidas e também querem pôr as mãos no que consideram um ídolo proibido.
Duarte é atrevido e considerado sem escrúpulos, e é ele quem consegue comprar a estatueta, mas, como Paula vem a descobrir, não é o lucro que o move, antes a promessa que fez a um amigo de restituir o artefacto ao povo a quem este pertence.
Paula torna-se amiga de Duarte mas apaixona-se por Stoyan, o que não vai ser uma relação fácil porque Paula adora conhecimento e instrução e Stoyan nem sabe ler ou escrever.
“Cybele's Secret” é um romance Young Adult (e toda a gente aqui sabe que não é o meu género) mas o que realmente não apreciei foi a aventura à Indiana Jones em que Paula, Duarte e Stoyan se metem para levar a estatueta ao povo que a idolatra. Quem gosta de aventuras tem aqui uma boa história, no entanto. Para mim, admito, foi uma seca. Aliás, “Cybele's Secret” ainda é mais juvenil do que “Wildwood Dancing” e faltam-lhe os elementos dramáticos que me enchem as medidas. Bom livro para oferecer a uma pessoa muito jovem, mas para mim não.


terça-feira, 5 de março de 2024

The Girl On The Train / A Rapariga No Comboio (2016)

Este é um daqueles filmes baseados em romances que talvez não tenham sido bem traduzidos para o cinema, fazendo com que a princípio pareça um drama psicológico que subitamente se transforma num suspense/policial à Hitchcock. A sensação geral é de que estes dois elementos andam sempre desconjuntados.
Começa logo pelo princípio, em que somos apresentados a três personagens femininas distintas, uma de cada vez, nenhuma delas particularmente empática. Achei aborrecido e fez-me questionar porque é que nos devíamos interessar por elas. Rachel, a protagonista, é uma alcoólica que todos os dias finge que vai trabalhar (embora tenha sido despedida) e se mete no comboio que passa à frente da casa do ex-marido, onde este agora mora com outra esposa e uma filha bebé. Da perspectiva desta nova esposa, descobrimos que Rachel não se limita a observar. Passa os dias e as noites de embriaguez a telefonar e a mandar mensagens ao ex-marido, e certa vez, bêbeda, entrou em casa deles (que tinha sido também a casa dela) e pegou na bebé e levou-a com ela, o que é aterrador para uma mãe.
Mas o interesse de Rachel não se limita ao ex-marido. Durante as viagens de comboio desenvolveu um fascínio/obsessão com outra vizinha que parece viver o amor perfeito com o marido (desta outra vizinha). Se soa confuso, é porque o filme também é algo confuso. Demorei um bocadinho a perceber que este “casal perfeito” é vizinho do ex-marido e que Rachel possivelmente só ficou fascinada por eles porque passava por lá todos os dias. Quando Rachel descobre que esta mulher (que Rachel não conhece mas fantasia conhecer) anda a trair o marido, fica enraivecida porque a vê a destruir algo de perfeito. Perfeito na cabeça de Rachel, isto é. Embriagada, Rachel tem um apagão e acorda em casa coberta de sangue e nódoas negras. Pouco mais tarde vê no jornal que a mulher, chamada Megan, desapareceu. Rachel pensa que a matou e fica apavorada. Continuando na linha stalker, apresenta-se ao marido de Megan como amiga dela, imiscui-se na investigação, começa a frequentar o psiquiatra de Megan. E aqui o filme começa a ser um “quem matou Megan?”, mas significativamente mais interessante do que tinha sido nos primeiros 20 minutos.
Infelizmente, após tanto tempo de filme, a revelação aparece um bocado aos trambolhões. Não era nada do que pensávamos porque o filme nos tentou enganar noutra direcção e também não nos deu nada para suspeitarmos outra coisa. Logo, o fim parece-nos uma reviravolta forçada. Aliás, toda a dinâmica entre estes vizinhos e Rachel parece forçada e “coincidência a mais”. Foi pena, porque o filme até estava a tomar forma e a recompensar-nos pelos 20 minutos em que tivemos de conhecer personagens sem percebermos qual era o papel delas na história.
Das críticas que li, o livro resulta, o filme é que não. Mesmo assim, tem momentos interessantes e vale a pena ver. A parte do saca-rolhas é de algum humor negro. Quem melhor do que um alcoólico para usar um saca-rolhas como arma? Acho que não era para rir, mas ri-me.

12 em 20

domingo, 3 de março de 2024

The First Purge / A Primeira Purga (2018)


O primeiro filme da série “A Purga” era assumidamente um filme de terror com comentário social implícito. Nos dois filmes seguintes, “The Purge: Anarchy” e “The Purge: Election Year”, o comentário social começou a tomar um lugar central sem que mesmo assim saíssem do género que lhes deu origem.
Já não posso dizer o mesmo deste “The First Purge”. A história começa com cenas de protestos em que duas facções de americanos se enfrentam com tal antagonismo que podiam passar-se hoje. De facto, parece o que vemos no telejornal. Isto arrepia, mas de outra maneira: não porque é ficção mas porque é real.
“The First Purge” conta-nos como começou a noite da Purga, quando o Partido chamado Novos Pais Fundadores subiu ao poder. Basicamente, é um partido do tipo “fazer a América grande outra vez” sem usar exactamente este slogan, que acredita que o Estado está muito sobrecarregado com despesas de apoio aos mais pobres e que aproveita, para os eliminar, uma experiência científica que defende que deixando as pessoas darem largas aos impulsos mais criminosos impunemente, durante uma única noite no ano, a violência decresce. Mais uma vez, esta barbaridade é vendida em troca da promessa de mais segurança. Segundo me lembro do primeiro filme, alguns números confirmavam o sucesso da experiência, mas por outro lado os números podiam estar manipulados. Não é possível acreditar em nada que os Novos Pais Fundadores dizem oficialmente.
A primeira Purga foi assim vendida como experiência na ilha de Staten Island, e aos mais pobres foram oferecidos 5 mil dólares para permanecer no local (na altura havia a possibilidade de escapar para outro sítio) e ainda mais se participassem. A maioria das pessoas aceitou porque precisava do dinheiro, mas há uma minoria de outros que está a salivar pela oportunidade de fazer mal ao próximo, mesmo a desconhecidos, até por questões de frustrações e raivas acumuladas.
Enquanto os activistas anti-Purga se organizam para manter as pessoas em segurança durante a noite, os traficantes de droga, por seu lado, também não gostam da ideia porque não é bom para o negócio. Daqui nascerá uma estranha aliança quando as coisas se complicam.
A princípio, “The First Purge” ainda tenta um toque do género terror, fazendo os “purgantes”, chamemos-lhes assim, usar umas lentes de contacto com câmaras integradas (a transmitirem para o centro de observação da experiência) que ficam néon e dão uma aparência alienígena. Isto é interessante, mas depressa abandonado.
Curiosamente, na noite da Purga as pessoas não se lançaram todas umas às outras. Houve quem aproveitasse para organizar festas. Houve quem decidisse ir arrombar o Multibanco para roubar o banco que lhe cobra comissões muito altas (e podemos censurá-lo?). Mas, é claro, há sempre o psicopata que aproveita para dar vazão aos seus instintos, e é assim que as mortes começam.
É igualmente curioso que as pessoas que decidem “purgar” comecem a fazê-lo usando máscaras, mesmo que a lei lhes permita impunidade. É a maneira de esconderem a vergonha de cometerem actos que sabem estar errados, um apontamento de psicologia interessante.
Todavia, as coisas continuavam relativamente calmas na opinião do centro de observação. Previam que houvesse muito mais violência. Na falta dela, enviam mercenários para começarem o que as pessoas comuns não queriam fazer, e então sim, foi a mortandade.
Um dos heróis do filme é mesmo o traficante de droga que tenta proteger as pessoas do bairro, o bairro que, afinal, também é o dele. Isto leva a cenas de grandes tiroteios e combates nas ruas, mas, e aqui é que lamento, um filme de tiros não é um filme de terror. Em suma, é o que acho de “The First Purge”, que abandonou completamente o género inicial e se transformou quase num filme de acção, os bons contra os maus e isso tudo. Não digo que tenha perdido o interesse, mas perdeu alguma coisa do seu ADN.
Este filme é todo feito na perspectiva de pessoas de cor, o que também me incomodou um bocadinho. Todos os personagens brancos são ricos e maus. Não há aqui um único branco pobre e/ou bom. É verdade, o primeiro filme passou-se numa casa da classe alta branca mas os “maus” também eram brancos. Em “The First Purge” acho que se exagera na questão racial, como se não houvesse brancos pobres. É quase um “brancos a matar negros oprimidos” carregadinho de ideias políticas tão fracturantes que, se eu estivesse a escrever isto nos Estados Unidos, caía-me tudo em cima a chamar-me racista. (As coisas já estão assim tão extremadas que nem se pode emitir uma opinião de meio-termo.) Pelo contrário, só estranhei a falta dos brancos pobres porque também há muitos e vivem nos mesmos bairros sociais e degradados.
Não gostei que esta “Purga” tenha perdido o elemento de terror. Os filmes anteriores já estavam a caminhar nesse sentido, mas eram mais subtis. Esta “Purga” é muito óbvia, quase panfletária. O paralelo com a situação política actual funciona, mas perde-se quando se entra no território da Purga propriamente dita, num salto da realidade para a ficção sem terror e/ou drama que o sustentem.

13 em 20

domingo, 25 de fevereiro de 2024

The Walking Dead: Daryl Dixon (2023 - ?)

[contém spoilers]

Pensavam que “The Walking Dead” tinha acabado? “The Walking Dead” nunca vai acabar porque, como o próprio nome indica, vai andar por cá durante séculos… ou enquanto der dinheiro. Já estava na calha um spin-off protagonizado por Daryl Dixon, em que Carol, inicialmente, era suposto ter participado também.

França: mais uma personagem
Confesso, fiquei agradavelmente surpreendida com esta série filmada em França (fui confirmar) que nem precisava de enredo, bastava Daryl a matar zombies pelos fascinantes cenários franceses, mas por acaso até tem.
Comecemos pelo princípio. Daryl dá à costa em França e põe-se a deambular por lá como um peixe fora de água (passe o trocadilho). Como é que Daryl dá à costa em França? Isto pode parecer pateta mas o penúltimo episódio explica-nos o que aconteceu. (Voltarei a isto no fim.) *
Quanto mais vejo a série mais sentido faz o contraste entre o redneck (campónio) americano Daryl, um homem sem educação nem requinte que não percebe uma palavra de francês, e a cultura de milénios onde acaba de aterrar. Não estou com isto a menosprezar ou a subestimar Daryl. Pelo contrário, parece-me que a série original é que o menosprezou em favor de personagens menos interessantes, porque em “Daryl Dixon” percebemos que Daryl até pensa e diz umas coisas muito acertadas.
O que Daryl encontra ao chegar não é muito diferente do que se passa nos Estados Unidos: zombies mortos e vivos, cidades e estradas desertas, falta de recursos. O que muda é o cenário, e que cenário! A série leva-nos a muitos locais belos, mais do que eu consigo enumerar, como um convento, um castelo medieval, um palácio barroco, as Catacumbas, a paisagem campestre francesa, Paris, o cemitério de Père-Lachaise e o túmulo de Jim Morrison, o Mont Saint Michel, entre outros lugares icónicos. A Notre Dame deve ter sido inserida por computador porque, ironicamente, ardeu no nosso mundo mas não ardeu no apocalipse zombie. A Torre Eiffel, por outro lado, sofreu um choque com um helicóptero e tem o pináculo derrubado. É quase como se França fosse mais uma personagem da história. Inclusive descobrimos que o avô de Daryl morreu no desembarque na Normandia na Segunda Guerra Mundial, o que fez com que o pai de Daryl fosse ausente e negligente, no que Daryl chama “o repetir da história”. No fim temos uma cena muito emocional em torno disto.

Voltar a casa
Mas vamos ao enredo. Daryl quer encontrar uma maneira de voltar para casa, mas mete-se logo em sarilhos. Durante uma escaramuça com os novos senhores de França, os guerriers do Pouvoir des Vivants, uma força militarizada e comandada pela implacável Madame Genet, um destes homens é morto e o irmão dele jura perseguir Daryl até à morte.
Daryl é encontrado por uma freira, Isabelle, que o leva para um convento. Antes ainda da escaramuça com os homens de Genet, Daryl fica ferido por uma espécie de zombies que ele nunca tinha visto (nem nós) que têm sangue ácido e que queima. Não é explicado se isto tem a ver com as experiências com zombies que Genet anda a conduzir (já lá vamos) ou se é uma coisa completamente diferente e característica do apocalipse zombie em França. O convento de Isabelle pertence a uma nova doutrina, uma reunião de várias religiões na Union de l’Espoir (afinal o apocalipse sempre serviu para uma coisa boa), e Isabelle tenta convencer Daryl a ajudá-la a viajar para norte onde ela pretende levar o jovem Laurent, apontado como o futuro líder da Union. Laurent é um miúdo de 12 anos, muito inteligente e puro, mas igualmente ingénuo e inocente. Quando Daryl descobre que as freiras têm um zombie fechado no convento, o venerado padre Jean que morreu, decide logo ir-se embora como quem já viu esse filme (o celeiro da segunda temporada de “The Walking Dead”). Mas, na verdade, as freiras apenas estão a viver de acordo com o que acreditam, à espera que padre Jean se “erga” outra vez. Daryl vai-se mesmo embora, mas regressa quando o convento é atacado por homens do Pouvoir. Acaba por decidir ajudar Isabelle, não por acreditar que Laurent seja um Messias, mas, bem pelo contrário, por achá-lo completamente impreparado para sobreviver no mundo fora do convento. Aqui, Daryl está a tentar fazer com que a história não se repita. Esta informação sobre o avô que morreu na guerra explica-nos muita coisa sobre o personagem. Por outro lado, Daryl quer chegar ao porto de Le Havre, de onde há rumores de navios a funcionar, e parte do caminho é coincidente.

Os vilões
Entretanto, a Union chamou a atenção do Pouvoir, que os considera inimigos. Como diz Genet, a Union vende contos de fadas e cada pessoa que se junta a eles enfraquece o Pouvoir. O Pouvoir recorda-me os regimes fascizantes do século XX. Como estes, Genet chega mesmo a dizer que o impressionismo é uma arte degenerada. E, obviamente, Genet também quer “fazer a França grande outra vez”. Para isso, pretende aniquilar “movimentos de fracos” como a Union. Durante o caminho, Daryl, Isabelle e Laurent são perseguidos pelos guerriers. Laurent, porque as pessoas acreditam nele, torna-se um alvo a abater.
O Pouvoir anda a fazer experiências sinistras com zombies, injectando-lhes um líquido que os torna super-zombies (e que provoca o tal sangue ácido), sem dúvida para tentar transformá-los em armas. Geralmente não gosto de super-zombies, mas mais uma vez  “The Walking Dead” apresenta os melhores zombies de Hollywood. Estes super-zombies não funcionam perfeitamente: alguns não resistem ao soro, outros ficam fortes e rápidos mas têm espasmos e paragens, outros atacam outros zombies. As experiências não estão a correr nada de feição para o Pouvoir.
Um segundo vilão, Quinn, antigo amante de Isabelle, é o delicioso Adam Nagaitis que interpretou o infame Mr. Hickey em “The Terror”. Quinn não é tão maléfico como Mr. Hickey, nem nada que se pareça, mas Nagaitis é um excelente actor em papéis de vilão. O que ele consegue transmitir com um simples franzir de sobrancelhas ou um esgar dos lábios! Estou encantada com o actor e queria vê-lo em muitos outros papéis.
As lutas de zombies continuam a ser do melhor que há. A certa altura Daryl é obrigado a lutar com super-zombies, como num combate de gladiadores em Roma com armas medievais, e mata um deles com a bandeira de França. No contexto em que a cena se passa, é épico em todos os sentidos. Mais tarde, Daryl e Quinn são obrigados a enfrentar mais super-zombies, desta vez agrilhoados um ao outro. Uma das manobras que empregaram lembrou-me “Spartacus”, só que em “Spartacus” a pobre vítima estava muito viva. Toda a cena das correntes recordou-me também de “The Terror”. Afinal, foi por causa de Mr. Hickey e de uma corrente que o Tuunbaq conheceu a sua desgraça.

O fenómeno Dixon
Daquilo que tenho lido, Daryl Dixon é a única personagem de “The Walking Dead” que não estava na banda desenhada original. Tenho para mim que Daryl era daqueles personagens destinados a morrer logo na primeira temporada, mas, graças à performance carismática de Norman Reedus, e àquele primeiro feito heróico em que Daryl regressa ao telhado para salvar o irmão Merle (que devia ter sido heroísmo de Rick mas que granjeou mais pontos a Daryl), o personagem ganhou a simpatia do público para sempre. É um fenómeno que uma personagem não original tenha chegado até aqui, e ainda mais que tenha alcançado tal estatuto que merece um spin-off protagonizado por ele sozinho (isto é, sem mais personagens originais de “The Walking Dead”). A popularidade de Daryl Dixon é igualmente um fenómeno. Daryl tem milhões de fãs, não apenas “em casa” como da Europa à Ásia e em qualquer lugar onde haja um televisor e passe “The Walking Dead”. Como explicar que um redneck de um estado obscuro da América, um homem sem educação, sujo e de poucas falas, se tenha tornado tão amado pelos fãs? Talvez porque Daryl sempre tenha sido menosprezado pelo pai e subestimado pelo irmão, aprendendo a desenvencilhar-se sozinho desde infância, o que o preparou invulgarmente para o apocalipse. Talvez a sua vulnerabilidade escondida, que o faz isolar-se na floresta de forma anti-social porque ter amigos é sinónimo de os perder ou de ser traído por eles. Talvez o seu bom coração debaixo daquela carapaça durona. Talvez tudo isto tenha tocado os corações de todo o mundo e criado uma empatia com os fãs. É possível, nesta altura, que Daryl tenha mais fãs do que o protagonista, Rick, que já nem está na série.
Por todos estes motivos, Daryl mereceu o seu próprio spin-off num cenário deslumbrante onde ele melhor contrasta. Não sei se a série vai ser renovada, mas eu não me importava de ver Daryl numa perambulação pela Europa toda (por exemplo, aqui vemos os primeiros dias do apocalipse em França, e os primeiros dias é o que eu gosto mais de ver, confesso), mostrando-nos o apocalipse zombie no velho continente desde o Reino Unido à Noruega. E talvez, até, neste jardim à beira-mar plantado.
“The Walking Dead: Daryl Dixon” é um spin-off que se podia ver só pelos cenários mas que, ao invés disso, tem uma componente dramática que há muito tempo não se vislumbrava na série original.

* Spoiler / teoria
Daryl Dixon é levado para França num transatlântico que transporta zombies a bordo. Isto pode parecer estúpido porque os franceses não precisam de ir à América buscar zombies mas, se pensarmos que a CRM (República Civil Militar) também estava a fazer experiências com zombies em “The Walking Dead: World Beyond” para o mesmo objectivo e que a CRM tem capacidade de comunicar por rádio (e se calhar também por satélite?), será que o navio francês foi antes buscar equipamento, conhecimento, fórmulas, o tal soro? Afinal, os cientistas franceses começaram logo a fazer as experiências durante a travessia. É a minha teoria, pelo menos, porque gosto que as coisas façam sentido.


ESTA SÉRIE MERECE SER VISTA: 2 vezes (pelos cenários de França)

PARA QUEM GOSTA DE: The Walking Dead, zombies


terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Whiteout / Inferno Branco (2009)


Já tinha visto este filme há alguns anos e lembrei-me logo disso devido a uma certa cena de nudez algo cómica e difícil de esquecer que acontece no princípio. (Não, não é a gaja no duche, que era completamente dispensável e puramente dirigido à audiência masculina.)
Carrie é uma polícia norte-americana destacada para um complexo de pesquisa científica na Antártida, onde já passou vários invernos seguidos. Finalmente decide voltar para casa, mesmo antes da noite polar, quando aparece um corpo em circunstâncias estranhas. Tudo indica que é um homicídio. Após anos de monotonia, Carrie decide ficar e apanhar o assassino.
“Whiteout” é um filme que deve muito a “The Thing”, nem que seja pelo cenário e pela sensação de isolamento, claustrofobia e desconfiança. Basta dizer que a história começa num avião russo, em 1957, em que os tripulantes se matam uns aos outros por algo que levam na carga. Da primeira vez que vi o filme fiquei frustrada porque não saiu de lá um extraterrestre que os comesse a todos, embora nada na narrativa me levasse a concluir isso excepto as semelhanças iniciais com o filme de John Carpenter. Efectivamente, não é um filme de terror, é apenas um policial passado no Pólo Sul.
A crítica destruiu este filme (se calhar ficaram tão frustrados como eu) mas, mesmo ao segundo visionamento, não desgostei, embora já não me lembrasse nada de quem era o culpado. É verdade que algumas cenas durante o nevão na parte fulcral tornam difícil de perceber quem é quem e quem está a fazer o quê. Só se vê um véu de neve a voar ao vento, vultos à distância, e todos vestidos com parkas semelhantes, ainda por cima. Admito, foi confuso.
 “Whiteout” não mudou a minha vida, não houve aqui nada que me fizesse lembrar o filme para todo o sempre (excepto aquela cena de nudez inicial, que tem a sua piada), e ensinou-me pouco *, mas de modo geral é um filme agradável de ver. As críticas acharam o fim previsível, mas, novamente, não posso concordar. Não estava mesmo à espera daquilo. Aconselho a quem gosta de um bom policial, mas quem viu “The Thing” deve logo deixar as expectativas à porta.

13 em 20

* Minto. Se três pessoas vão a passear no Pólo Sul deserto e uma delas cai dentro de um buraco no gelo, é melhor descer só um para a ir buscar enquanto o outro fica cá em cima à espera, não vá dar para o torto e alguém precisar de ir pedir ajuda. Agora já sabem: duas pessoas num buraco instável é mau. Todas as pessoas a descerem voluntariamente ao buraco instável é estar mesmo a pedi-las. Mas aposto que este mesmo pensamento me passou pela cabeça da primeira vez que vi o filme.


domingo, 18 de fevereiro de 2024

December Boys / Os Rapazes de Dezembro (2007)

Quatro órfãos, todos nascidos em Dezembro, são convidados por um casal idoso e caridoso a passar umas férias à beira-mar longe do orfanato. Três deles ainda são miúdos (onze anos no máximo?) e ainda querem uma família acima de tudo, mas o mais velho, Maps (interpretado por Daniel Radcliffe = Harry Potter), tem no mínimo 14 anos, talvez mesmo 15 ou 16, e interesses mais adultos.
A experiência da liberdade à beira-mar, para os órfãos, é emocionante o bastante, mas toma contornos mais excitantes quando conhecem um casal sem filhos que pensa em adoptar um deles. Todos competem para ser adoptados, excepto Maps, mais interessado na filha do vizinho e quase pronto para a vida adulta em que a ideia de ter pais já não o seduz.
Este é um filme sensível, quase tirado da vida real, onde há muitas ocasiões para chorar. Eu própria dei por mim com lágrimas nos olhos uma ou duas vezes, e se calhar não as mais previsíveis.
Melhor do que falar sobre o filme é mesmo vê-lo, e recordar as crianças que nós (os mais velhos) fomos numa época diferente, mais difícil, mas ao mesmo tempo mais livre e menos protectora.

16 em 20

domingo, 11 de fevereiro de 2024

Black Mirror (2011 -?)

Li muitas críticas que mencionavam esta série que já cá anda desde 2011 antes de me resolver a vê-la. “Black Mirror” é uma antologia de histórias que têm em comum a tecnologia, desde o poder das redes sociais à inteligência artificial, até à ficção científica mais avançada como o upload de consciências humanas como se fossem software para dispositivos de hardware.
Nunca é dito claramente, mas este “black mirror” tem todo o aspecto de ser o écran dos nossos telemóveis, portáteis, computadores, interfaces em geral, que nos podem vir a mostrar o espelho negro de nós próprios se deixarmos demasiada tecnologia reger as nossas vidas.
Os episódios são muito díspares e abordam vários temas, podendo ir do mais puro terror (“Playtest”, “Metalhead”, “Black Museum”), à comédia romântica e não romântica (“Demon 79”, “Joan Is Awful”, “Rachel, Jack and Ashley Too”, “Striking Vipers”) ou ao drama mais pesado (“Beyond the Sea”). Vou apenas referir os meus preferidos ou os que me atingiram mais.

The National Anthem
Este é um episódio inesquecível pelo seu fim perturbador e repugnante. Uma princesa muito popular da família real britânica é raptada e a exigência em troca da sua libertação é a de que o primeiro-ministro faça sexo com um animal em directo na televisão. A princípio a opinião pública fica escandalizada mas, quando o raptor envia à polícia um dedo cortado, as sondagens indicam que o primeiro-ministro se deve sacrificar pela vida da princesa.
O episódio é particularmente chocante na medida em que explora o voyerismo colectivo alimentado pelas redes sociais.
Achei o episódio demasiado desagradável (e não gostei que a brutalidade para com o animal não tivesse sido sequer considerada) e comecei a apreciar muito mais a série quando esta passou para a Netflix.

Nosedive
Imaginem se a vossa vida social e profissional dependesse dos likes recebidos nas redes sociais, a ponto de terem influência no preço de uma casa que pretendam arrendar? É o caso de Lacey, cuja média de likes está nos 4,2 e precisa de subir para 4,5 para arrendar uma casa num bairro só de 4,5s, isto é, de pessoas com avaliações acima de 4,5. Lacey tem uma amiga de infância que é um 4 muito elevado e quando é convidada para o casamento dela vê aí a sua oportunidade de subir as suas avaliações e tornar-se mais popular. Mas uma série de azares fazem com que a avaliação de Lacey desça para os 2 e qualquer coisa e agora a “amiga” não a quer no casamento.
Um episódio para nos fazer pensar na importância (ou não) e sinceridade dos likes que recebemos nas redes sociais.

Hated in the Nation
Garanto que ninguém se vai esquecer deste episódio, o episódio das abelhas. Foi o que me recordou mais dos “X-Files”.
Após a extinção das abelhas estas são substituídas por drones mecânicos para efeitos de polinização, até que todo o sistema cai nas mãos erradas. As abelhas começam a ser utilizadas para assassinar pessoas que têm sido alvo de ódio na internet. Mais um episódio para nos fazer pensar até que ponto queremos inteligência artificial nas nossas vidas e até que ponto a indignação “atrás de um écran” não é uma grande cobardia.

USS Callister
Os “trekkies” vão detestar este episódio em que um nerd, fanático de uma série de culto muito igual a “Star Trek”, desenvolve um jogo a partir do programa. Só que, para tripular a nave, este “Capitão Kirk” utiliza o upload das consciências de toda a gente que o chateou na empresa onde é sócio-proprietário, quer estes queiram quer não, tornando-se num tirano sádico que os maltrata e aterroriza. Muita ficção científica para o meu gosto, mas os “trekkies” (não) vão apreciar o humor.

Striking Vipers
Este foi dos episódios mais engraçados de todos. Dois amigos de longos anos, muito hetero ambos, começam a jogar “Striking Vipers”, como jogavam nos dias da faculdade, mas agora em realidade ultra-virtual. Um deles joga com uma personagem feminina e o outro com uma personagem masculina, e em vez de se porem à porrada, como dantes, começam uma relação sexual e tórrida no espaço virtual. Isto deixa-os bastante confusos porque não sentem qualquer atracção física um pelo outro na vida real (inclusive até tentam beijar-se para tirar a coisa a limpo) mas o affair no mundo virtual é o melhor sexo que já experimentaram na vida toda. Agora têm de decidir se devem continuar (até porque o jogo já começa a causar problemas no casamento de um deles) ou parar completamente.

Rachel, Jack and Ashley Too
O episódio mais engraçado de todos. Tal como disse aqui sobre Lady Gaga, esta foi a primeira vez que vi Miley Cyrus a sério e nem a reconheci. Miley Cyrus faz o papel de Ashley O, uma cantora pop com uma audiência muito jovem e mensagens muito positivas. O que eu conheci imediatamente foi o refrão de “Head Like a Hole” dos Nine Inch Nails, aqui transformado com as letras “I’m full of ambition and verve, I’m gonna get what I deserve”. “Black Mirror” tornou-se uma série tão importante que um agradecimento a Trent Reznor até aparece nos créditos.
Ashley O é dominada por uma manager (e tia) malvada que a põe em coma quando ela começa a desejar mudar o repertório para algo mais adulto e pessimista. Ashley O, como os fãs a conhecem, é a galinha dos ovos de ouro e a tia não vai permitir que isso mude. Para continuar a ganhar dinheiro com ela, transforma-a num holograma que pode actuar em muitos sítios ao mesmo tempo e mais outras vantagens.
Ashley O é salva por duas fãs miúdas (em sequências hilariantes) e acaba a cantar uma versão espectacular de “Head Like a Hole” (com as letras verdadeiras). Fabuloso! Adorei!

Joan Is Awful
Outro episódio engraçado que não teria graça nenhuma se fosse connosco. Joan é uma pessoa comum, chefe de departamento numa empresa tecnológica, a viver com o noivo mas ainda apaixonada pelo ex, que frequenta o psiquiatra. Qual não é o seu espanto quando encontra uma série numa espécie de Netflix ficcional que retrata toda a sua vida. Consequência, todos os seus segredos são expostos: perde o emprego e o noivo, e até o ex. E porquê? Porque deu permissão, naquelas letras pequeninas das licenças de software, que todas as suas conversas fossem gravadas sem ela saber, o que originou o enredo da série. Para agravar as coisas, a série não é filmada com actores verdadeiros mas antes criada por CGI, o que permite que seja feita em tempo real, isto é, ao fim do dia o episódio é sobre o que se passou nesse mesmo dia. A fazer o papel de Joan (na série ficcional) está Salma Hayek, que igualmente deu permissão para usarem a sua imagem em CGI e que não está nada contente com o papel que a põem a fazer. Há toda uma sequência hilariante numa igreja quando Joan tenta pôr fim à série sobre a sua vida, mas o melhor mesmo é ver.

Loch Henry
Este podia ser qualquer episódio de uma série de crime. A ligação à tecnologia acontece através das câmaras de filmar. Um estudante de cinema e a namorada visitam a casa da mãe dele na Escócia. A princípio ambos têm a intenção de fazer um documentário sobre um protector da natureza quando a namorada descobre que a pitoresca vila, toda rodeada de montanhas e lagos, foi cenário para um serial killer local que raptava, torturava e matava as vítimas de forma particularmente cruel. À medida que investigam, o estudante vai descobrir coisas sobre a sua família que preferia nunca ter chegado a saber.

Beyond the Sea

Dois astronautas estão no espaço mas têm réplicas mecânicas/sintéticas na Terra junto das suas famílias (estas réplicas contêm o upload das consciências dos astronautas). Todo o episódio é filmado num ambiente retro que nos remete para os anos 60/70. Neste contexto, um culto fanático entra em casa de um dos astronautas e mata a família toda, crianças e tudo, alegando que o que lá se passa é anti-natural. Este crime chocante foi claramente inspirado nos assassinatos a mando de Charles Manson e é difícil de assistir. Entretanto, no espaço, o astronauta toma conhecimento do que aconteceu à sua família. Para o animar, o colega deixa-o usar a sua réplica na Terra. “Beyond the Sea” é um episódio trágico do princípio ao fim, protagonizado por Aaron Paul (Jesse Pinkman em “Breaking Bad”) que também já tinha contribuído com a voz em “Black Mirror” numa passagem de “USS Callister”.

Mazey Day
“Mazey Day” parece um episódio banal sobre uma estrela de cinema em reabilitação perseguida por paparazzis, mas o fim é tão inesperado que não vou contar mais nada.